sexta-feira, 9 de outubro de 2009

a presença do Lago

Ao chegarmos na cidade de Guaíba procuramos, logo de início, seu Centro. Entendíamos que no centro da cidade encontraríamos mais gente e mais diversidade de pessoas. Quase que intuitivamente, fomos desdobrando as ruas da cidade logo a esquerda de uma lomba avistamos uma paisagem incrivelmente linda. Víamos a cidade de Porto Alegre ao fundo, entremeada por ilhas e um belíssimo lago. Sentimos o vento forte e nossa pele crispou na exata medida da água do lago. Ao quinto dia de trabalho, nossos corpos já esgotados tornan-se o reflexo da paisagem, tornan-se o reflexo de todos os mais de 100, talvez 150 pessoas que trocamos olhares, vergonhas, afetos, descobertas e, por que não, esperanças...
Em Guaíba, as conversas foram tranquilas e francas. Duas pessoas não tinham a mínima noção de que a água que bebemos vem do lago e que nosso esgoto vai pro lago. Essa noção, faz parte da minha vida. Sempre morei e ainda moro na beira no Lago, porém na margem portoalegrense. Habitar a margem oposta do lago. O corpo inteiramente sensibilizado pela semana de imersão no esgoto.
Corpo-lago-pessoas.
Vidas-água-ventos.
Um pedaço de mim corre pelo ralo, escapa pela valeta aberta e morre no encontro com o lago semi-morto...

Leonardo Garavelo
Equipe de Troca

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